Origem de Ipu – História da Igrejinha

Por outro
lado, os padres da Companhia de Jesus - jesuítas -, sob a direção da Junta das
Missões do Maranhão, já realizavam um trabalho de catequese junto aos índios
Tabajaras, na serra da Ibiapaba, havendo fundado a Aldeia da Ibiapaba nas
cercanias da atual cidade de Viçosa do Ceará. Faziam-se presentes ainda no vale
do Rio Coreaú, catequizando os índios Aconguaçus e construindo uma capela no
lugar chamado Ibuaçu, atual distrito de Araquém, na cidade de Coreaú.
A Ibiapaba foi objeto de um conflito de
jurisdição entre a Junta das Missões do Maranhão e a Junta das Missões da
Diocese de Pernambuco. Ambas requisitavam o direito de catequizarem os índios
da região. O processo correu em Portugal e foi determinado que os jesuítas não
poderiam ultrapassar o rio Inhuçu (próximo a São Benedito). Dessa forma, a
Ibiapaba foi dividida em duas parte: ao norte, sob a jurisdição dos jesuítas,
tínhamos o que se chamou de Serra da Ibiapaba; ao sul, ficava a imensidão
habitada por índios bravios e de geografia mais inóspita chamada de Serra dos
Cocos. O conjunto da cordilheira era chamado, a esta época, simplesmente de
Serra Grande.
Em 1722,
enquanto a questão com os jesuítas arrastava-se, o Padre João de Matos Serra,
cura do Curato do Acaracu, enviou para a Serra dos Cocos o frei José da Madre
de Deus, da ordem dos Carmelitas, com a missão de construir uma capela sobre a
serra a fim de evitar o avanço dos jesuítas rumo ao sul da Ibiapaba.
Frei José veio ter com o Capitão José de
Araújo Chaves, dono da sesmaria das Ipueiras (atual cidade de Ipueiras),
pedindo-lhe que cedesse um terreno na porção serrana de suas terras para a
construção da dita capela. O capitão, por sua vez, cedeu não um, mas dois
terrenos, exigindo que fossem construídas duas capelas, uma na serra e outra no
sertão. Ele também escolheu os padroeiros. A capela do sertão seria dedicada a
Nossa Senhora da Conceição (Hoje Ipueiras) e a da serra a São Gonçalo do
Amarante (Hoje Matriz).
O padre carmelita deu prioridade à
construção da capela serrana, mas acabou tendo que fugir das perseguições
movidas pelos jesuítas, deixando a capelinha inacabada.
Em 1734 Luis
Vieira de Sousa e mais sete pessoas solicitam ao governador do Ceará
(Capitão-mor), Manuel Francez, a concessão (sesmaria) de 24 léguas de terras (3
léguas para cada), que se encontravam devolutas na região que viria a ser a
freguesia da Serra dos Cocos, com o objetivo de utilizá-las para a pecuária.
Logo concedida, Luiz Vieira de Sousa, juntamente com sua esposa Joana Paula
Chaves (nome de solteira), fundou a Fazenda Ipu, nas três léguas que lhe cabia,
que, se supõe, por aqui não demoraram, pois não há registros de sua permanência
e nem memória familiar.
A capelinha
de São Gonçalo foi escolhida, em 30 de agosto de 1757, para matriz da Freguesia
de São Gonçalo da Serra dos Cocos. Desde então, o povoado ao seu redor passou a
chamar-se de Matriz de São Gonçalo e hoje chama-se simplesmente
"Matriz" e é distrito do município de Ipueiras.
O território da
Freguesia de São Gonçalo era imenso. Compreendia as atuais cidades de Ipueiras,
Guaraciaba do Norte, Ipu, Poranga, Nova Russas, Ararendá, Tamboril e
Hidrolândia perfazendo uma extensão de quarenta léguas.
Ainda
no final do século XVIII, no arraial do Ipu, foi doado um terreno para
constituir o patrimônio de São Sebastião e foi construída a primeira igreja no
centro do quadro formado pelas casas do arraial.
Em
sua passagem pelo Ipu em 1884/1885 Antonio Bezerra deixou registrado em seu
livro Notas de Viagem o seguinte: Com
relação à origem do Ipu, fui informado de que o local onde hoje se acha
assentada a cidade pertencia ao sitio de Manuel Alves Fontes, que em 1792
fizera doação de uma légua de terras em quadro ao arago S. Sebastião,
edificando-se uma capela no lugar denominado Papo.
A
partir de informações de Eusébio de Sousa, Valdemira Coelho escreve no livro
“Ipu em Três Épocas”: Chegaram uns
missionários da Vila Real de Viçosa e continuaram o trabalho de catequese
iniciado por D. Joana Paula Vieira Mimosa, seguidos de outros padres, vindos
depois, os quais construíram a pequena CAPELA, edificada em 1765 e em torno da
qual surgiu o POVOADO chamado PAPO.
A pequena capela tinha o teto de
palha e sua frente dava para o poente.
A 26 de
agosto de 1840, a sede da Vila Nova d'El Rey foi transferida para o Ipu,
tomando o nome de Vila Nova do Ipu Grande. Mais ou menos em 1845, chega ao Ipu
o último cura da Freguesia de São Gonçalo da Serra dos Cocos, o Padre Francisco
Corrêa de Carvalho e Silva. Ao que tudo indica, foi o primeiro sacerdote a
fixar residência no Ipu. Sua justificativa para não morar na sede da Freguesia
era o fato de haver encontrado a igreja de São Gonçalo em péssimo estado, com
paredes ruindo, o que impossibilitava seu uso para as celebrações. A
providência que tomou foi a de mandar demolir a antiga igreja para que fosse
construída outra. Enquanto isso conseguiu autorização para transferir as
alfaias e ornamentos para a capela de São Sebastião.
A
construção da atual igreja da Matriz arrastou-se por muitos anos. Enquanto
isso, resolveu o Padre Corrêa demolir também aquela primitiva capela que havia
no Ipu e mandou construir a atual igrejinha.
Dessa forma, a capela da igrejinha remonta
à segunda metade do século XIX, não sendo a primeira igreja do Ipu, pois a
primeira seria a de palha.
PADRE CORREIA. Foto de Nertan Macedo.
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