Monsenhor Gonçalo de Oliveira Lima


Gonçalo de Oliveira Lima nasceu na cidade de Ipu, em 10 de janeiro de 1884, filho de Joaquim de Oliveira Lima, comerciante, e Joana Gonçalves de Lima, ambos ipuenses, de cujo casamento nasceram, em ordem cronológica, Gonçalo, Raimunda, Maria, Joaquina e Joaquim.

Infância pura, lar simples, porém bem constituído, marcaram os primeiros passos de Mons. Gonçalo. Aos 10 anos de idade, perdeu seu pai.

Fez os primeiros estudos em Ipu, com o professor Antônio Alves Pereira. Em 1898, aos 14 anos de idade, ingressou no Seminário da Prainha, em Fortaleza, onde cursou o Seminário Menor, Filosofia e Teologia. Ordenado sacerdote, em Fortaleza, por D. Joaquim José Vieira, em 30 de novembro de 1906, muito jovem, com apenas 22 anos de idade. Logo em seguida, em 8 de dezembro deste mesmo ano, celebrou sua primeira missa, evento marcante, pomposo e consagrador na vida sacerdotal, na então matriz de Ipu.

A 3 de março de 1907 iniciou sua vida pastoral, como vigário da Paróquia de Santa Quitéria, um dos maiores municípios do Ceará, em área territorial, onde permaneceu até 19 de abril de 1916. Durante esse paroquiato, fundou o Apostolado da Oração e a Conferência Vicentina, deu incremento ao ensino do catecismo; reformou a Matriz e todas as capelas da freguesia; construiu as capelas de Madalena, Macaraú e Cana-Brava. Graças aos seus esforços, foi inaugurado o Telégrafo de Santa Quitéria. Nesta mesma data foi transferido para a Paróquia de Ipu, onde tomou posse, substituindo Padre Aureliano Mota (vigário de 1911 a 1916), constituindo-se no 4º vigário da Paróquia de Ipu. Tomou posse a 19 de abril de 1916, onde exerceu um apostolado exemplar durante quarenta anos.

Durante o seu paroquiato em Ipu, realizou grandes reformas na igrejinha que mais tarde se tornaria Igrejinha de Nossa Senhora do Desterro. As festas em louvor a São Sebastião tinham uma conotação altamente religiosa e espiritual, fazendo com que todo o povo do município participasse das homenagens ao Santo Padroeiro. As novenas recebiam um fluxo de cristãos de todas as paragens e os filhos da terra que residiam fora prestigiavam os movimentos relacionados com a Festa.

Resignou-se em 1948, quando chegava a idade provecta sendo substituído pelo Padre Francisco Ferreira de Moraes em 9 de janeiro de 1949.

Monsenhor Gonçalo celebrava diariamente na Igrejinha após a sua resignação às 6 horas da manhã e aos domingos mantinha o mesmo horário. Muito frequentadas as missas do Monsenhor Gonçalo. Sistematicamente tomava o seu café matinal num local reservado na sacristia, que servia também para suas orações confissões e outros afazeres da Igreja.

Piedoso e caridoso, costumeiramente mandava chamar os seus compadres em sua residência e agradava com produtos da lavra de suas terras. Foi o idealizador e incentivador da Criação do Patronato.

Fez a benção juntamente com outros sacerdotes da Pedra Fundamental da Nova Igreja Matriz e do Patronato Sousa Carvalho como também da Capela de Nossa Senhora das Graças no Patronato Sousa Carvalho. Mons. Gonçalo curou por várias vezes a Paróquia de Campo Grande, hoje Guaraciaba do Norte.

Considerado pela sua diocese como um Padre digno e respeitado chegando a ser cognominado de “A Flor do Clero”. Pelo seu comportamento frente à Diocese com suas prestações de contas escritas caracterizando assim um sacerdote zeloso e exemplar pastor de almas que sempre foi. Sacerdote de aprimoradas virtudes e de brilhante inteligência faleceu no dia 11 de outubro de 1955, com apenas 71 anos de idade, dos quais, 39 de fecundo, zeloso e exemplar apostolado, somente em sua terra natal. Encontra-se sepultado na sacristia de sua inseparável Igrejinha Nossa Senhora do Desterro, templo, histórica e indelevelmente atrelado a sua figura ímpar.

Existe hoje na nossa cidade uma grande Escola funcionando no Alto da Boa Vista que leva o seu nome.


Fonte: MOURÃO, Sebastião Valdemir et al. Livro dos Patronos da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes. Fortaleza: Premius, 2012.


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